A Igreja e o Perigo do
Consumismo Exagerado
“Buscai
primeiro o Reino de Deus e sua justiça e todas as demais coisas vos serão
acrescentadas”, [Mateus 6.24-33].
Observa-se
que a revolução industrial, económica, globalizada e capitalista tem estimulado
fortemente à sociedade pós-moderna pela busca ilimitada de bens, mercadorias e
serviços muitas vezes desnecessários. O forte marketing publicitário promovido
pela mídia através da internet, TV, jornais, rádios e revistas têm induzido
muitas pessoas a valorizar o “ter em detrimento do ser” e as coisas em
detrimento da vida. Atrelado a esta visão de consumo, encontra-se uma sociedade
totalmente hedônica, que a todo custo procura ultrapassar as fronteiras das necessidades
em busca de uma vida cheia de conforto prazeres, independência, status e poder.
Tudo isso tem levado as pessoas a valorizarem as coisas supérfluas, passageiras
e temporais, deixando, portanto em segundo plano aquilo que é mais importante
para a vida. O conselho para que a Igreja se conscientize evite e saia do
consumismo, é necessário que ela visualize os valores na perspectiva de Deus e organize-os
a partir de seus interesses. É verdade
que isso exigirá luta e esforço, pois de todos os lados os cristãos estão sendo
bombardeados pelas varias e diversas propagandas publicitárias, as quais se
encontram estampadas em lugres estratégicos e enchem os olhos dos diversos
tipos de consumidores, tentando faze-los valorizar as coisa temporais e
passageiras, deixando para um segundo plano aquelas que são perenes.
Principalmente no Brasil, que segundo as estatísticas são os brasileiros que
mais consomem no mundo, além de existirem também aqueles que são considerados consumidores
compulsivos, que muitas vezes compram sem necessidades, pois nunca usam os produtos
que compraram, causando problemas ainda maiores para a sustentabilidade do
planeta. A igreja do Deus Vivo é chamada de “Coluna e Firmeza da Verdade”, [I
Timóteo 3.15]. Portanto faz parte de sua missão contribuir com a
sustentabilidade do planeta em todas as esferas e dos valores éticos de nossa
sociedade. O materialismo faz parte do
mundus vivendis do homem pós-moderno, e Jesus disse que a Igreja não pode
servir a Deus e o materialismo, por isto acrescentou que devemos priorizar
aquilo que é mais importante em nossa vida: “Buscai primeiro o Reino de Deus e
sua justiça e todas as demais coisas vos serão acrescentadas”, [Mateus
6.24-33]. No belo sermão de Jesus, chamado de “Sermão do Monte”, é afirmado que
sua igreja deve ser o sal e luz em meio à sociedade: “Vós sois o sal da terra;
e se o sal for insipido, com que se há de salgar/ Para nada mais presta, senão
para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não
se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e
se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá a luz a todos os que estão
na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas obras e glorifiquem vosso Pai que estás nos céus”, [Mateus 5.13-16]. É
ressaltada nessa palavra a capacidade de penetração e de influência da igreja
em relação ao Mundo. Entende-se que para sustentar as grandes concorrências e
demandas do consumismo compulsivo, tem sido necessária cada vez mais a extração
de matéria prima do meio ambiente em que vivemos, proporcionando com isso uma
devastação catastrófica para o meio ambiente em todos os aspectos, exemplo:
animais, aves, peixes, mares, rios, florestas tropicais, poluição atmosférica,
etc. Segundo Lima [2010, p. 1686] “por mais importante
que tenham sido as mudanças proporcionadas pela industrialização e, mais
adiante, pela globalização, o intenso ritmo de produção, aliado ao consumo
exacerbado acarretou a depressão ambiental, de forma a comprometer a própria
vida do planeta”. Toda esta obsessão consumista em razão do “ter em detrimento
do ser”, tem gerando uma generalizada inversão e ausência de valores éticos,
morais e espirituais em todas as esferas sociais. Observa-se que não são poucas
as noticias que revelam a falta de compromisso, respeito e preocupação de
algumas autoridades mundiais e políticas em relação aos valores morais, éticos
e sociais. A verbalização de mentiras e
a inescrupulosa maneira de administrar os recursos naturais públicos e sociais
têm repercutido de forma negativa sobre a humanidade. A
crise de valores éticos passa também pelo espaço familiar, pois encontramos
pais que não valorizam plenamente sua autoridade relacionada aos caprichos
egoístas dos filhos, filhos que não observam as orientações recebidas dos pais,
gerando, portanto sérias situações e problemas na convivência doméstica. A
falta de ética tem afetado também o mundo dos negócios. Observa-se que as
relações comerciais muitas vezes ocorrem de modo predatório, e o que se vê é
muita pirataria, notas frias e enganos por toda a parte, cada qual querendo tirar
o máximo de oportunidades das situações que lhes são propostas. Se tudo isso
não bastasse, no campo eclesiástico ocorrem terríveis distorções. Há lideres e
igrejas que tem se utilizado de artifícios sutis para manipular a comunidade, os
fieis e os frequentadores dos cultos. Outros trocam dinheiro por orações e
ainda se utilizam da má interpretação de textos bíblicos para enganar e
explorar as pessoas, etc. Percebe-se nesse contexto, que uma visão altruísta
esta bem distante da maioria das pessoas, incluindo também a igreja de Cristo que,
entremeio esta revolução industrial, económica, globalizada e capitalista esta invertendo
os valore e passando a valorizar as coisas passageiras e temporais, deixando,
portanto para um segundo plano aquelas que são perenes. Porém, é possível
conscientizar-se, evitar e sair do consumismo, mas para isso é preciso
priorizar, visualizar e organizar nossos valores éticos, morais e sociais a luz
da Palavra de Deus.
Bibliografia:
Bíblia
de Estudo Pentecostal, Rio de Janeiro, RJ. Editora cpad, 4ª
Impressão, 1997.
COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Descubra Agora. A ética dos Profetas para
Hoje. 1 ed. São Paulo: Exodus Editora, 1988.
CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. Série Clássica Vida Nova. 2 ed.
Sociedade Religiosa Vida Nova, São Paulo , 1990.
LIMA, Ana Karmem Fontenele Guimarães. Consumo e Sustentabilidade: Em busca de
novos paradigmas numa Sociedade Pós-Industrial. Anais do XIX Encontro
Nacional do CONPEDI: Fortaleza – CE, p. 1686 -2010.
SANCHES, Ciro, Evangelho que Paulo Jamais Pregaria, Rio de Janeiro, RJ. Editora
CPAD, 1ª Edição, 2006.
Pr. Ezequiel P. de Souza
Pastor Presidente da Igreja Evangélica Cristo é a Esperança.
Graduado em Teologia pela Unigran – Centro Universitário da Grande Dourados – MS.
Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Charisma – RJ.
Formado em Teologia pelo IBAD – Instituto Bíblico das Assembleias de Deus – SP
0 comentários:
Postar um comentário